Ciência revela compostagem com microbioma humano para regeneração urbana
- Cityfarm

- 7 de jul.
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Estudo pioneiro mapeia transformação de fezes humanas em adubo seguro e produtivo, colocando o microbioma no centro da agricultura urbana regenerativa.
Pesquisadores de universidades americanas publicaram recentemente um estudo inovador no arXiv — “Upcycling Human Excrement: The Gut Microbiome to Soil Microbiome Axis” (novembro/2024) — analisando a evolução microbiana de um sistema de compostagem que inclui resíduos humanos tratados em pilhas ecológicas. O material, analisado semanalmente durante um ano, demonstrou transição do microbioma intestinal para um perfil semelhante ao do composto de solo viável, com sucesso na eliminação de patógenos — abrindo caminho para compostagem ecológica urbana com potencial sanitário e agronômico.
Processo e implicações
O estudo mostrou que, após determinado período, a microbiota humana original dá lugar a fungos, bactérias e actinobactérias típicas de solo saudável. Esse processo só é eficaz quando conduzido sob condições controladas — temperatura entre 55–65 ºC, aeração adequada e úmido entre 40–65%.
Esse modelo permite o reaproveitamento de bioresíduos humanos como fonte de nutrientes em hortas urbanas, gerando adubo rico em nutrientes e microbiologicamente seguro — com impacto positivo em segurança sanitária, redução de emissões de esgoto e fechamento de ciclo de nutrientes urbanos.
Relevância urbana
Para cidades, especialmente grandes centros, o modelo propõe:
Compostagem comunitária de resíduos orgânicos humanos (via sanitários ecológicos) integrada a hortas urbanas;
Geração de insumos locais valiosos para produção alimentar e manejo de solo vivo;
Redução no volume de esgoto, turismo sanitário e custos de tratamento.
Barreiras técnicas e legais
Apesar do potencial, ainda existem obstáculos:
Restrições sanitárias e falta de regulamentação para uso em espaços públicos;
Rejeição cultural — compostos originados de fezes humanas ainda geram resistência;
Necessidade de monitoramento constante de patógenos e metais pesados.
Caminhos para cidades inovadoras
Projetos europeus de "toilet-to-table" estão em andamento, oferecendo modelos para avaliação de riscos e protocolos de segurança. No Brasil, cidades podem:
Investigar a viabilidade técnica com universidades;
Criar pilotos integrados a hortas urbanas em parcerias público-comunitárias;
Fomentar debate com órgãos de saúde e vigilância sanitária.
A combinação do microbioma humano com sistemas urbanos de agricultura regenerativa abre uma nova fronteira de sustentabilidade, transformando resíduos em riqueza ambiental e alimentar.






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